O título proposto não é uma mera provocação, é uma realidade que deve ser cultivada diariamente, não é possível construir uma nova sociedade sem que a Igualdade tenha uma grafia maiúscula e possa ser conquistada e compartilhada por toda a sociedade. Uma data como a de hoje, 08/03/2025, muito longe de ser uma comemoração é uma data de reflexão para analisar os frutos que os movimentos pela libertação das mulheres estão colhendo e planejar as ações futuras. Por vezes entendemos que nossa sociedade é atrasada e desrespeitosa para com as mulheres e suas lutas, uma simples reivindicação para inclusão no acordo coletivo de trabalho de uma cláusula que determina a igualdade de salários e oportunidade entre homens e mulheres, já se traduz numa enorme disputa e olhem que nem toda banca patronal é composta por homens.
O momento no mundo ainda requer cuidados e objetividade, mesmo com tantos dissabores e negatividade ainda é possível ver ressurgir o Die Linke na Alemanha, o que para alguns pode significar uma pequena reação à imensa onda de nebulosas que pairam sobre nossas cabeças, mas pouco importa o tamanho que foi a votação naquele partido temos que ver sua importância quanto um movimento que venta constantemente em todas as direções para dissipar aquela perigosa nebulosa. Assim como “outro mundo é possível”, tenham a certeza de que outras ações são possíveis para garantir que o movimento feminista ou movimento libertário alcance os seus ideais, mesmo no Brasil é possível ver algo diferente acontecendo, não são novas ações, mas são ações que ganharam um nova dinâmica que como uma onda vão derrubando a rigidez conservadora e lavando nossos corpos como um banho de sal, que remove as energias negativas e alivia nossas dores.
Na última eleição para a câmara municipal assistimos à reeleição da Bancada Feminista do Psol, vejam numa cidade de viés conservador como São Paulo foi possível essa reeleição, sem dúvida é um Vitória maiúscula, de um movimento de ocupação de mulheres na política, fundado há pouco mais de cinco anos, que através de um mandato coletivo atuam sobre pautas como da saúde, da educação, da legislação urbana bem como pautas feministas garantindo um olhar “cidadão feminino” sobre essas pautas. Esse é um forte movimento que faz e fará muita diferença nas entidades sociais de viés progressista como bem definido no título deste texto, mostrando que existem cidadãs ou melhor trabalhadoras dotadas de capacidade organizadora que fazem a diferença na mobilização, ampliação e capacitação política da nossa sociedade. Acreditamos que esse movimento também alcançará a reeleição em 2026 na eleição para deputados estaduais, na ALESP, onde a Bancada Feminista do Psol tem acento.
Ainda dentro da política, é preciso dizer sobre a movimentação política da ex-deputada Manoela Dávila, uma mulher símbolo de luta diante de tudo que ela passou e ainda enfrenta nesse esgoto que se transformou nossas redes sociais, mais bem definidas por redes antissociais. Ela saiu do partido político que militou desde a juventude, buscando um novo canal de comunicação para a capacitação das diversas mulheres que estão pela vida sem o devido amparo de uma organização social, suas palestras podem ser o divisor para no futuro termos uma ampliação de bancadas femininas ou mesmo de ampliação da participação de mulheres na política. A saída dela do seu partido político traz uma pergunta: “Por que é que o número de mulheres nos sindicatos (e na política) é tão pequeno?” (1). Talvez muitos dos nossos camaradas ou companheiros façam cara de paisagem, mas é nítido que nossas instituições ainda transpiram o odor do machismo, do patriarcado e androcentrismo, eles precisam compreender que: “o proletariado não alcançará a emancipação completa se não for conquistada primeiro a completa emancipação das mulheres” (1).
Poderia ficar aqui tecendo outros exemplos, como de jornalistas que após conquistarem muitos prêmios e alegrias em suas vidas televisiva, fazem agora um trabalho de capilaridade nas redes capacitando e aparelhando mulheres que desejam o seu lugar no mundo empreendedor, talvez esse seja um caminho de contra ponto ao movimento de mulheres que lutam por igualdade sociais, mas o fato é que ao organizarem mulheres sem, nítidas perspectivas, contribuem para que elas comecem a sair do seus casulos familiares e ganhem assas para voos mais coletivos. Em todo esse movimento feminino eu vi recentemente uma amiga, postando conteúdos sobre o seu dia a dia de uma mãe solo, posso dizer que é lindo e libertador ver uma mulher querendo discutir seus perrengues diários não para se vitimizar nessa sociedade patriarcal, mas para dividir com outras mulheres e mostrar que não estão sozinhas. São esses pequenos exemplos que trazem a esperança de que a mensagem revolucionária chegue para toda sociedade.
Finalizando, gostaria de parabenizar o Sindicato dos Arquitetos no Estado de São Paulo, o nosso SASP que hoje completa 54 anos de existência e dizer que esta é uma das poucas entidades que tem no seu estatuto a obrigatoriedade de paridade entre homens e mulheres na sua diretoria, e lhes garanto essa convivência é mais que um aprendizado de cidadania, é a garantia do respeito pelo outro diante de todas nossas diferenças.
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- A emancipação das mulheres e a revolução proletária
Vladímir Ilitch Uliánov, Lênin in debates da marxista alemã Clara Zetkin