Questões relacionadas à equidade, diversidade de gênero, racismo estrutural e assédio no ambiente de trabalho vêm sendo debatidas com mais frequência. Infelizmente, estes assuntos ganham foco quando ocorrem casos graves dentro de empresas.
Segundo a arquiteta e urbanista, presidente do Sindicato dos Arquitetos no Distrito Federal e diretora de Políticas Públicas na FNA, Luciana Jobim, as temáticas sobre gênero e raça não são uma luta à parte. “Elas são, e devem ser, questões centrais no debate sobre ética nas relações de trabalho. Infelizmente, é muito fácil perder esses direitos. Basta um governo para retrocedermos em todos os direitos que conquistamos.”
Também foi debatida a falta de destaque das mulheres dentro da categoria, mesmo elas sendo maioria na força de trabalho, e a necessidade de representatividade dentro dos poderes. Além disso, tratou-se sobre o trabalho que a Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA) vem realizando, junto à CUT, de demanda direta aos ministérios, buscando reforçar a luta por direitos.
A vice-presidente do Sindicato dos Arquitetos no Estado do Rio Grande do Sul (SAERGS), Deonice Romero, tratou sobre o racismo estrutural e suas consequências. “Não discutimos as questões sobre equidade, sobre racismo. Nós vivemos essa realidade todos os dias. Em todos os meus 38 anos de trabalho, esta discussão nunca aconteceu detalhadamente. O que trouxe esse debate foi a necessidade. Por que é tão difícil ver negros em cargos de chefia? Sendo mulheres negras, torna-se mais raro ainda,” tencionou.
Gessé Ferreira Lima, diretor sindical do Sindicato dos Arquitetos e Urbanistas no Estado do Paraná (Sindarq/PR), contou suas experiências durante a formação em em arquitetura e urbanismo, uma profissão ainda conhecida como elitista. Também tratou sobre a importância das cotas para ingresso no ensino superior. “Sou grato por ter recebido a oportunidade de coordenar o projeto CAU Educa no Paraná, levando ensino de arquitetura e urbanismo para crianças em comunidades e áreas de vulnerabilidade social. Nossa profissão não pode ser elitizada. Arquitetura é para todos”, reforçou.
Seguindo a mediação da arquiteta e urbanista Gilcinéa Barbosa, especialista em Planejamento Urbano e Gestão das Cidades, subgerente de Projetos Urbanísticos da Prefeitura de Salvador e Suplente do Conselho do CAU/BA, a mesa foi aberta para debate entre palestrantes e presentes, abordando uma fala incorreta que ouvimos com frequência.
“Não somos minoria. Quando juntamos todos, somos a maioria neste país, mas nos tratam como minoria por sermos, constantemente, diminuídos.”
A mesa encerrou as atividades do Seminário Nacional FNA de Arquitetura e Urbanismo em São Paulo.
Foto: Judy Wroblewski